De Instituto da Guerra

Zaun

"Esses ratos do Sumidouro que deviam cuidar uns dos outros."

"Eles preferem sentir pena de si mesmos."

"É um absurdo. Ah... Você viu minha bolsa?"

Há mais de três mil anos, um porto nasceu no estreito istmo que agora é ocupado por Zaun, possivelmente sob o nome Kha'Zhun ou Oshra Va'Zaun, quando ainda fazia parte do antigo império de Shurima. A passagem do tempo e a transformação da cidade levaram à adoção do nome Zaun.

Nos dias atuais, Zaun estende-se como um vasto distrito subterrâneo, abrigado aos pés de cânions profundos e vales que entalham Piltover. A luz escassa que penetra seus confins é filtrada pelas emissões de fumaça que se desprendem dos intricados tubos corroídos e refrata nos vidros manchados de sua arquitetura industrial. Zaun e Piltover, uma vez unidas, agora constituem sociedades simbióticas, porém independentes.

Apesar de mergulhada no crepúsculo eterno da poluição, Zaun floresce com uma população vibrante e uma cultura rica. A prosperidade de Piltover proporcionou a Zaun um desenvolvimento paralelo, tornando-se um espelho sombrio da cidade acima. Muitas das mercadorias destinadas a Piltover acabam infiltrando-se no mercado clandestino de Zaun, e os inventores hextec, descontentes com as restrições impostas na cidade superior, encontram em Zaun um refúgio para suas pesquisas arrojadas.

O desenfreado avanço de tecnologias voláteis e da indústria imprudente transformou as extensões de Zaun em um terreno poluído e perigoso. Correntes de derramamentos tóxicos estagnam nas partes mais baixas da cidade, mas mesmo nesse ambiente hostil, as pessoas encontram meios não apenas de sobreviver, mas de prosperar.

Se a poluição de Zaun é evidente na superfície, seus níveis subterrâneos revelam uma realidade ainda mais sombria. Os esgotos da cidade são receptáculos de todos os seus resíduos, misturando-se em soluções tóxicas e misteriosas. A despeito desse ambiente adverso, impulsionado por um mercado clandestino próspero, pela química tec, e pelo aprimoramento mecânico, os habitantes de Zaun não apenas subsistem, mas encontram modos de prosperar.

Os Níveis de Zaun

A cidade de Zaun desdobra-se em três níveis distintos, cada um pulsando com sua própria vitalidade e caos:

O Calçadão

Nos níveis superiores de Zaun, uma região se entrelaça com os níveis inferiores de Piltover. Embora a distinta arquitetura revele a separação, é aqui, no Calçadão, que os ricos e prósperos de Zaun convergem. Este é o local escolhido para compras, refeições e negociações, onde os produtos e suprimentos fluem como veias vitais das camadas inferiores.

Entre edifícios únicos que perfuram os céus enevoados, uma dança incessante de oportunidades e intrigas se desenrola, moldando o pulso dinâmico dessa parte elevada da cidade. Cada passo ecoa como uma nota em uma sinfonia urbana, enquanto os protagonistas desse palco elevado movem-se em sintonia, criando uma coreografia de negócios, prazeres e pactos secretos. Este é o Calçadão, onde a alta sociedade de Zaun tece seus destinos em uma tapeçaria de ambição e prosperidade, enquanto os vãos da cidade se estendem abaixo deles, obscurecidos pela fumaça da indústria incansável.

O Entressol

Em uma descida vertiginosa rumo às profundezas de Zaun, onde a luz se fragmenta e a agitação da vida urbana atinge seu ápice, emerge o Entressol. Neste nível intermédio, inventores astutos, negociantes perspicazes, traficantes astuciosos e artistas visionários convergem, formando uma tapeçaria caótica de postos comerciais e oficinas que se agarram aos penhascos como sementes rebeldes encontrando solo fértil.

É aqui, nesse palco movimentado e vibrante, que o Cinza de Zaun persiste por mais tempo, como uma sombra indestrutível. Os zaunitas que habitam esse labirinto vertical afirmam que é neste nível que as engrenagens invisíveis da cidade giram com maior intensidade, sustentando o funcionamento intrincado da máquina urbana.

O Sumidouro

Bem abaixo das entranhas da cidade, onde a escuridão se torna palpável e a escassez impregna até mesmo o ar, o Sumidouro surge como uma entidade distinta e agonizante. Este é o ventre esquecido de Zaun, onde o Cinza de Zaun tem sua origem, emergindo dos aquedutos putrefatos como uma neblina tóxica ou se infiltrando pelas grades corroídas como um sussurro insidioso.

Neste nível decadente e desolado, os menos afortunados encontram abrigo precário. Cidadãos sem condições, relegados a uma existência sombria e desprovida de esperança, enfrentam a vida diária entre as vielas apertadas e os becos obscuros. Aqui, a luta pela sobrevivência é implacável, e a promessa de um amanhã melhor é um eco distante.

Orgulho Zaunita

Em meio às ruas movimentadas de Zaun, onde o fervor da atividade é incessante, ergue-se o orgulho coletivo dos habitantes desta cidade intrigante. Apesar de serem rotulados como notoriamente egocêntricos por outras nações, para os zaunitas, esse autodomínio é o que eleva Zaun à posição de cidade mais livre de Runeterra.

As vielas, como artérias pulsantes, são um frenesi contínuo de movimento e comércio. Em cada esquina, comerciantes exibem uma extravagância de itens peculiares, enquanto os becos sombrios e decadentes transbordam de indivíduos ambiciosos, dispostos a apostar tudo em busca de lucro.

Dizem que a rivalidade é a própria essência da competição que define Zaun como uma cidade-estado. Contudo, tanto a espionagem quanto a sabotagem são encaradas como táticas cotidianas ao realizar negócios com os zaunitas, acrescentando uma pitada de perigo ao já fervilhante caldeirão de ambições desenfreadas.

O Cinza de Zaun

Nas entranhas de Zaun, as regras da vida são tão fluidas quanto os produtos que brotam de suas inúmeras indústrias como um fluxo constante. Para os viajantes que emergem das terras distantes, a atmosfera densa e pesada da cidade subterrânea é um verdadeiro banquete sensorial, onde gostos químicos dançam com texturas abrasivas.

No entanto, a culpa por esse espetáculo sensorial não recai exclusivamente sobre Zaun; sussurros insistem que a produção de hexcristais sintéticos em Piltover desempenha um papel vital na propagação do Cinza de Zaun.

A maior provação para os nativos da cidade é a persistente presença dos gases tóxicos que emanam das profundezas de Quimtec, conhecidos como O Cinza de Zaun. Ao longo dos anos, os habitantes desenvolveram uma resistência quase sobrenatural a essa névoa venenosa, uma adaptação forjada pela dura convivência com o gás mortal.

No entanto, para aqueles que vêm de terras distantes, o Cinza transforma o ar em uma entidade tangível, uma presença opressora que parece tornar cada respiração um desafio árduo e, potencialmente, letal.

Aqueles corajosos o suficiente para adentrar Zaun encontram-se imersos em um ambiente onde o ar se torna um terreno hostil, carregando consigo o peso do passado industrial da cidade.

Cada inspiração é uma incursão em um território desconhecido, onde a linha entre a vida e a letalidade é desenhada pela trama intricada das indústrias que moldam essa metrópole única.

Os Barões da Química

No tumulto industrial de Zaun, os poderosos Barões da Química erguem-se como titãs que controlam diferentes distritos da cidade, cada qual detendo um domínio específico. Proprietários de fábricas, empresários, senhores de terras, guardiões de recursos e líderes de máfias ou gangues, esses magnatas influentes manipulam vastas fortunas, mão de obra abundante e uma rede intrincada de influência.

Uma aliança tênue entre esses Barões da Química mantém Zaun à beira do caos, impedindo que a cidade mergulhe em um abismo descontrolado. Essa frágil união de interesses divergentes proporciona aos pesquisadores e inventores a liberdade para desafiar constantemente os limites de seus experimentos, independentemente das consequências.

Alguns afirmam que a cidade é administrada mais como uma corporação sem freios do que como uma sociedade regida por leis e ordem. O destino de Zaun pende no delicado equilíbrio desses poderosos magnatas, cujas ambições muitas vezes se entrelaçam de maneiras imprevisíveis, lançando sombras incertas sobre o futuro da cidade industrial.

Gangues de Zaun

A efemeridade da vida para os trabalhadores de Zaun deixa um rastro marcante de órfãos nos confins mais sombrios da cidade. As gangues de delinquentes juvenis emergem desses rincões desolados, como brotos resistentes encontrando espaço na rachadura de um pavimento quebrado.

Não há limites para esses quimiopunks e pivetes do Sumidouro, pois eles podem surgir de todos os cantos da cidade, incluindo os distritos mais abastados de Piltover.

Esses jovens intrépidos, imersos na sujeira e na dureza da vida, encontram no furto e em pequenos trabalhos a moeda de troca de sua sobrevivência. Nos recantos em que a miudeza deles pode funcionar a seu favor, eles traçam seu caminho pelas entranhas de Zaun, desafiando as adversidades com uma resiliência que só os zaunitas podem exibir.

Apesar da atmosfera áspera que os cerca, eles ostentam com orgulho suas origens e celebram a liberdade de explorar todos os caminhos criativos que se apresentam. Cada rua sinuosa e cada beco sombrio são seus domínios, onde a criatividade floresce mesmo nas condições mais adversas.