Devora-Almas

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"Enquanto nossa frota se aproximava das terras amaldiçoadas, eu pensei: aquelas criaturas terríveis surgiram desse lugar nefasto? Ou será que algum dia viveram de verdade?"

– Arie Wrence, soldado demaciano

O Devora-Almas é uma manifestação do puro horror que emergiu das catacumbas das outrora gloriosas Ilhas das Bênçãos, agora corrompidas e transformadas nas temidas Ilhas das Sombras. Essa entidade grotesca não é apenas um monstro no sentido físico, mas uma encarnação da própria agonia e desespero que se acumulou ao longo dos séculos. Antes de ser tocado pela Névoa Negra, ele foi um dos prisioneiros mais notórios das catacumbas, um homem ou criatura cuja alma foi distorcida pela eternidade de sofrimento e abandono.

Sua aparência é uma mistura entre o humanoide que ele foi e a aberração que a Névoa Negra o forçou a se tornar. Seu corpo parece estar perpetuamente envolto em pedaços flutuantes de sua antiga prisão, como se a própria realidade estivesse tentando rejeitá-lo. Sua mandíbula, desproporcional e capaz de se abrir em ângulos anormais, é o portal que arranca as almas daqueles que ele escolhe consumir, deixando seus corpos como cascas vazias.

O que torna o Devora-Almas ainda mais aterrorizante é seu comportamento calculista e deliberado. Ele não ataca impulsivamente, mas sim estuda suas presas, permitindo que cultivem uma falsa sensação de segurança antes de expor o horror que está por vir. Ele parece se deleitar em destruir não apenas os corpos de suas vítimas, mas também suas esperanças e sua vontade de viver. Aqueles que têm a infelicidade de cruzar seu caminho frequentemente descrevem a sensação de serem observados por algo que entende suas fraquezas mais profundas.

O poder do Devora-Almas não reside apenas em sua força bruta, mas também em sua capacidade de manipular e drenar a força vital daqueles ao seu redor. As almas que ele consome não são simplesmente apagadas; elas se tornam parte de sua existência atormentada, ampliando seu poder e sua malevolência. Há quem acredite que ele se alimenta não por necessidade, mas por puro prazer, uma necessidade insaciável de espalhar o sofrimento que o moldou.

As histórias sobre ele são contadas em sussurros por marinheiros e aventureiros que ousaram se aproximar das Ilhas das Sombras e viveram para contar a história – mas sempre com olhares vazios e vozes carregadas de medo.

Apesar de sua natureza violenta e predatória, há um traço de ironia trágica em sua existência. Ele, como muitos outros nas Ilhas das Sombras, é um produto da destruição causada pela Névoa Negra, preso em um ciclo interminável de morte e renascimento corrompido. No fundo de sua forma monstruosa, talvez ainda reste o eco da criatura que ele foi, mas isso é algo que nunca poderá ser confirmado.