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"Na sombra de seus chifres brilhantes, encontrei um lar onde luz e escuridão não eram inimigas, mas irmãs."
– Palavras gravadas em uma encosta do Monte Targon
O Protetor Velado é uma das mais reverenciadas entidades do Monte Targon, um guardião que não busca explorar os caminhos da montanha, mas proteger aquilo que se esconde em seus recônditos mais secretos. Diferente das criaturas que vagam livremente pelas encostas, este protetor mantém vigília constante em um santuário escondido, longe das disputas entre Lunari e Solari, longe da ambição dos mortais que buscam a ascensão ou os favores dos celestiais.
Sua forma lembra um grande cervo, mas há algo profundamente celestial em sua presença. Sua pelagem, de um tom escuro quase negro, parece refletir o brilho de constelações distantes, como se carregasse o firmamento em seu próprio corpo. O que mais chama atenção, no entanto, são seus chifres: uma intrincada coroa de galhos que parecem crescer e se ramificar como árvores, com cristais púrpuras brilhando suavemente em suas extremidades. Esses cristais emitem uma aura calmante, preenchendo o ambiente com uma energia serena que dissolve conflitos e acalma até os corações mais inquietos.
O comportamento do Protetor Velado é digno de sua posição como guardião. Ele não demonstra hostilidade ou agressão, mesmo quando confrontado. Em vez disso, seu poder reside em sua presença inabalável e na aura de proteção que ele emana. O santuário onde ele reside é um lugar de refúgio sagrado, onde todas as diferenças e rivalidades são deixadas do lado de fora. Diz-se que Lunari e Solari, eternos inimigos, já compartilharam uma fogueira sob o olhar vigilante do Protetor, suas armas e disputas temporariamente esquecidas diante de tamanha tranquilidade.
A localização do santuário permanece um mistério para a maioria, e apenas aqueles que verdadeiramente necessitam de proteção parecem ser guiados até ele. Muitos viajantes relataram sentir um chamado inexplicável em momentos de desespero, um instinto que os levou por trilhas ocultas até o refúgio seguro do Protetor Velado. Ao chegar, encontram um espaço de rara beleza: o santuário é adornado com flores luminescentes e paredes de pedra natural que parecem contar histórias antigas gravadas em reluzentes runas de luz e sombra. No centro de tudo, o Protetor repousa calmamente, sua postura vigilante, mas acolhedora.
A relação do Protetor Velado com os viajantes que alcançam o santuário é quase paternal. Ele não fala, mas há uma comunicação implícita em seus movimentos e em sua presença. Aqueles que chegam exaustos encontram descanso; os feridos, conforto; e os perdidos, direção. Aqueles que o encontram muitas vezes deixam o santuário não apenas restaurados, mas transformados, carregando consigo uma nova compreensão do equilíbrio entre forças opostas.
Ao contrário do que alguns poderiam supor, o Protetor Velado não faz distinção entre os que entram no santuário. Seja um Lunari buscando um esconderijo das patrulhas Solari, um alpinista ferido ou um viajante perdido, todos são tratados com a mesma indiferença serena. Porém, há relatos de que aqueles que carregam intenções malignas ou que tentam profanar o espaço sagrado enfrentam um destino incerto. Há um silêncio no ar quando se menciona tais indivíduos, como se a própria montanha se recusasse a lembrar daqueles que ousaram desrespeitar o guardião e seu refúgio.
Meu próprio estudo sobre o Protetor Velado foi frustrantemente limitado. Em uma de minhas expedições, quando pensei ter encontrado pistas sobre a localização do santuário, fui confrontado por um silêncio inquietante. Era como se a montanha observasse, julgando minha jornada e meu propósito. Talvez minha busca fosse vista como egoísta demais ou curiosa em excesso, pois o santuário permaneceu além do meu alcance. No entanto, a mera ideia de sua existência é suficiente para inspirar respeito.