Página Anterior | Página Seguinte |
---|
"Eu achei que era um cãozinho perdido... mas aqueles olhos me lembraram que nada nas Ilhas das Sombras é o que parece."
– Diário de um Explorador Esquecido
O Companheiro Sepulcral é uma visão peculiar nas Ilhas das Sombras, contrastando com a hostilidade que permeia o lugar. Este pequeno ser espectral é um reflexo da lealdade que transcende até mesmo a morte. Seu corpo é envolto por uma névoa esverdeada luminosa, que parece ondular suavemente com o vento inexistente, uma marca clara de sua conexão com a Névoa Negra.
Seus olhos brilham como lanternas fantasmagóricas, irradiando uma luz fria que se destaca contra a escuridão opressiva do ambiente. A parte mais distintiva de sua aparência é o crânio de osso, grotesco e ornamentado, que cobre sua cabeça como uma máscara — talvez uma lembrança macabra de seu antigo dono ou uma manifestação da magia que o mantém preso neste mundo.
Este pequeno cão não é agressivo por natureza. Ele permanece próximo ao túmulo de seu antigo mestre, como um guardião eterno. Seu comportamento é tanto comovente quanto perturbador, pois ele rosna e late com determinação quando alguém se aproxima demais. Apesar de sua aparência assustadora, há algo inegavelmente trágico em sua presença: o Companheiro Sepulcral parece preso em um ciclo eterno de vigília, incapaz de abandonar seu posto, mesmo que a pessoa que ele guarda já não exista há séculos. Para os poucos que conseguem observá-lo de longe, sua figura evoca um misto de piedade e inquietação, um lembrete de que nem todas as criaturas das Ilhas das Sombras são simplesmente monstruosidades famintas por destruição.
Há relatos de que ele não ataca sem provocação, mas suas ameaças vocais — rosnados profundos que reverberam com ecos sobrenaturais — são suficientes para afastar a maioria dos curiosos. No entanto, para aqueles que ousam desafiá-lo, há um perigo real. Dizem que o Companheiro Sepulcral é capaz de convocar a própria Névoa Negra para cercar os intrusos, submergindo-os em um torpor gelado enquanto ele permanece inabalável, como se fosse uma extensão da própria magia que o criou.
Curiosamente, há também histórias de viajantes que, ao mostrar respeito pelo túmulo, foram ignorados por ele. Talvez, no fundo de sua essência amaldiçoada, ainda reste uma centelha de julgamento moral, um eco de sua vida passada.