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"Um açougueiro deve conhecer a carne como conhece o fio de sua lâmina. No entanto, nem todo corte é limpo, e nem todo açougueiro permanece humano para sempre." | "Um açougueiro deve conhecer a carne como conhece o fio de sua lâmina. No entanto, nem todo corte é limpo, e nem todo açougueiro permanece humano para sempre." | ||
– Santangelo, Diário dos Horrores das Ilhas das Sombras, página 84</blockquote> | – Santangelo, Diário dos Horrores das Ilhas das Sombras, página 84 | ||
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A história do Açougueiro Voraz é uma tragédia que, como muitas nas Ilhas das Sombras, começou com uma ganância desenfreada. Dizem que ele foi um homem simples, um açougueiro local cujo ofício era alimentar uma pequena vila no coração das antigas Ilhas das Bênçãos. Contudo, sua fome por riqueza e influência o fez pactuar com forças obscuras em busca de um segredo culinário que o tornaria famoso. Mal sabia ele que o preço dessa barganha seria ele próprio – sua humanidade foi devorada pela Névoa Negra, que transformou seu corpo e alma em algo tão grotesco quanto insaciável. | A história do Açougueiro Voraz é uma tragédia que, como muitas nas Ilhas das Sombras, começou com uma ganância desenfreada. Dizem que ele foi um homem simples, um açougueiro local cujo ofício era alimentar uma pequena vila no coração das antigas Ilhas das Bênçãos. Contudo, sua fome por riqueza e influência o fez pactuar com forças obscuras em busca de um segredo culinário que o tornaria famoso. Mal sabia ele que o preço dessa barganha seria ele próprio – sua humanidade foi devorada pela Névoa Negra, que transformou seu corpo e alma em algo tão grotesco quanto insaciável. | ||
Edição atual tal como às 18h39min de 5 de dezembro de 2024
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"Um açougueiro deve conhecer a carne como conhece o fio de sua lâmina. No entanto, nem todo corte é limpo, e nem todo açougueiro permanece humano para sempre."
– Santangelo, Diário dos Horrores das Ilhas das Sombras, página 84
A história do Açougueiro Voraz é uma tragédia que, como muitas nas Ilhas das Sombras, começou com uma ganância desenfreada. Dizem que ele foi um homem simples, um açougueiro local cujo ofício era alimentar uma pequena vila no coração das antigas Ilhas das Bênçãos. Contudo, sua fome por riqueza e influência o fez pactuar com forças obscuras em busca de um segredo culinário que o tornaria famoso. Mal sabia ele que o preço dessa barganha seria ele próprio – sua humanidade foi devorada pela Névoa Negra, que transformou seu corpo e alma em algo tão grotesco quanto insaciável.
Hoje, o Açougueiro Voraz é uma abominação ambulante que perambula pelos pântanos enevoados e florestas retorcidas das Ilhas das Sombras. Sua figura é imensa e ameaçadora, com um corpo robusto e desproporcionalmente grande. Sua cabeça, deformada e grotesca, é semelhante à de um porco, um detalhe que muitos especulam ser reflexo de sua antiga profissão, como um símbolo macabro de sua voracidade. Ele veste um avental esfarrapado, ainda manchado com marcas de sangue – marcas que muitos acreditam não serem apenas metafóricas.
O aspecto mais aterrorizante desta criatura, entretanto, está escondido à primeira vista. Sob sua aparência grotesca, o Açougueiro Voraz possui uma característica sobrenatural: sua barriga, partida ao meio como uma mandíbula dentada. Este bizarro e horrível traço permite que ele abra seu próprio corpo para engolir qualquer coisa – desde animais e pessoas até os espectros que o acompanham. Não importa o que ele consuma, sua fome nunca diminui, condenando-o a um ciclo eterno de saciedade inalcançável.
O Açougueiro não caminha sozinho. Ao seu redor vagueiam almas distorcidas que ele atrai para sua órbita de terror. Essas almas, muitas vezes manifestadas em formas grotescas, como porcos espectrais ou sombras sinistras, são reflexos de sua antiga "carne de abate". Elas o seguem como sombras obedientes, servindo como armadilhas ou até mesmo extensões de sua fome. Cada uma delas emite um brilho espectral azul, uma lembrança da energia vital que uma vez as animou.
Essas almas também têm um comportamento peculiar: sempre que o Açougueiro Voraz está próximo, elas parecem dançar freneticamente, como se presas em um estado de êxtase e tormento. É quase impossível olhar para essas figuras sem sentir um frio na espinha e a impressão de que os olhos delas se fixam nos vivos com um desejo insaciável.
Ao caçar, o Açougueiro Voraz é surpreendentemente astuto, apesar de sua aparência grotesca e desajeitada. Ele prefere emboscadas, usando a névoa ao seu favor para mascarar sua presença até que seja tarde demais. Muitas vezes, o que as vítimas ouvem primeiro é o som das almas porcas que o acompanham – um guincho espectral ou um som abafado de cascos no chão enevoado. Quando ele finalmente emerge, sua velocidade e força são devastadoras.
Há relatos de sobreviventes – poucos, é claro – que afirmam que ele não se limita a matar por comida. Alguns dizem que o Açougueiro tem um prazer sádico em prolongar o tormento de suas vítimas, um reflexo talvez da fome eterna que o consome. Suas presas não são apenas devoradas, mas parecem desaparecer por completo, como se ele não devorasse apenas carne, mas também suas almas.