De Instituto da Guerra

O Imortal

"Eu os levei para o fim do mundo. E agora, eles vêm me buscar. Dia após dia, noite após noite..."

– Murmúrio ouvido por exploradores das Ilhas das Sombras

Poucos são os relatos que descrevem O Imortal com clareza. Antes de sua queda, ele era um soldado devotado, conhecido por sua liderança inabalável e por sua fé em proteger aqueles sob sua guarda. A história conta que, em um ato de desespero, ele guiou um grupo de refugiados rumo às Ilhas das Bênçãos, buscando salvação em meio a uma terra tomada por conflitos. O que encontrou, contudo, não foi o santuário que esperava, mas o início do evento que transformaria as Ilhas em um local de sofrimento eterno.

A Névoa Negra o tocou profundamente, mas não o destruiu. Em vez disso, ela o amarrou à própria essência da ruína, transformando-o em algo que não pode morrer e tampouco viver. Hoje, ele é uma figura esquelética, com um corpo composto por um brilho etéreo que pulsa em tons de verde esmeralda. Sua armadura, embora quebrada e corroída pelo tempo, ainda reflete traços de seu antigo papel de protetor. Mas é a tocha que carrega que realmente chama a atenção – um farol sinistro que emana um chamado irresistível aos mortos das Ilhas das Sombras.

Os mortos respondem a esse chamado como mariposas a uma chama, suas almas acorrentadas seguindo a luz que ele guia sem cessar. Contudo, ao contrário do que alguns acreditam, ele não exerce controle direto sobre essas almas. O Imortal parece condenado a ser um imã para os ecos perdidos, atraindo-os para si enquanto tenta em vão fugir de sua própria culpa. Exploradores que o observaram de longe relatam que ele constantemente murmura para si mesmo, como se revivesse o momento de sua falha repetidas vezes. Suas palavras, muitas vezes fragmentadas, carregam tons de arrependimento e desespero.

O comportamento do Imortal é tão imprevisível quanto a Névoa que o criou. Há quem diga que O Imortal busca redenção. Observadores relatam que ele vagueia sem rumo, murmurando nomes e pedidos de desculpas, como se reconstituísse mentalmente o momento de sua falha repetidas vezes. "Eles confiaram em mim", já foi ouvido de seus lábios, junto de outros fragmentos como "Eu deveria ter os protegido". Porém, mesmo carregando essa culpa esmagadora, sua presença não é inofensiva.

Em outras ocasiões, ele se torna um furioso guardião, atacando aqueles que ousam interromper sua caminhada eterna. Sua tocha, embora seja uma ferramenta de atração para os mortos, é também uma arma terrível. Relatos afirmam que ele pode liberar chamas de névoa que consomem as almas dos vivos, transformando-os em mais seguidores espectrais de sua interminável procissão.

Há registros de que, em raros momentos, ele para e olha para o céu, como se esperasse por algo – talvez uma libertação, uma redenção, ou simplesmente o fim. Mesmo quando alguém tem a sorte de conseguir destruí-lo, não significa que é o fim para ele, tempos depois ele é avistado novamente em outro canto das Ilhas das Sombras, o que faz com que ele carregue o nome de O Imortal.